segunda-feira, 11 de novembro de 2013

RESUMOS DOS TRABALHOS
III SECIRI 


GT 1 – Expressões urbanas, estilos de vida e identidades.
  
DE CHAUFFEUR A TAXISTA: CIDADE, TRÂNSITO E ENGENHARIA SOCIAL

JUNIOR, Edmundo Fonseca Machado (UFBA)

A relação taxista/cidade em Salvador nos leva a acreditar que este grupo profissional por sua função de garantir a mobilidade constitui, com o passar do tempo, em seus pontos fixos ou trajetos que percorrem, associações e variados sentimentos com a cidade. É como se cada taxista possuísse um “GPS” sociogeográfico programado, de acordo ao quadro mental e físico que estes configuram e reconfiguram, através do exercício de suas memórias e pelo conhecimento compartilhado da cidade com seus passageiros. Essa experiência diária na rua, no trânsito, é a característica fundamental de seu estilo de vida. Em movimento pela cidade os taxistas oscilam entre ser espectador ou protagonistas de diversificadas situações urbanas. O artigo segue investigando em paralelo, a emergência desse grupo na capital baiana, que alugavam seus carros de praça no século XX, ao mesmo tempo em que ocorriam as intervenções que remodelaram e tornaram moderna a capital baiana durante o primeiro governo de J. J. Seabra (1912 – 1916).
  
A REINVENÇÃO DO MARACATU EM ALAGOAS NO SÉCULO XXI

CASADO DE LIMA, Carlos Eduardo Ávila (UFS)

O Maracatu, manifestação de cultura popular, é constituído de origem Banto, manifesta sua negritude nas festas públicas e populares, principalmente o carnaval. Em Alagoas existiu no início do século XX e reaparece no século XIX se reinventando por completo, aos moldes do conceito de tradição de Eric Hobsbawm. Novos grupos, novas formas de organização, significados, conceitos de tradição e identidade reaparecem nesta reinvenção. Percebida pela comunidade como uma nova tradição da cultura local. Esse momento de reinvenção é capitaneado pelos seguintes grupos no Novo Maracatu Alagoano: Maracatu Baque Alagoano, Coletivo AfroCaeté, Maracatu Nação A Corte de Airá e Maracatu Nação Abassá de Angola. A circularidade cultural, tal quais as ideias de Néstor Canclini, é característica do encontro de classes e grupos sociais diferentes no processo de reinvenção. 

HIP HOP E ESPAÇO PÚBLICO: O EXEMPLO DA PRAÇA SANTA TEREZA EM MACEIÓ

SANTOS, Sérgio da Silva (UFS)

O presente trabalho tem a proposta de realizar uma reflexão em torno da Praça Santa Tereza como um lugar e espaço público utilizado por alguns atores pertencentes à cultura Hip Hop em Maceió.  Sendo assim, realizamos algumas reflexões em torno de dois eventos que aconteceram nessa praça para duas atividades especificas.  A primeira realizada em abril de 2012 em que foram desenvolvidas atividades ligadas ao Rap e ao Break; e a segunda, em dezembro 2012, em que foram desenvolvidas atividades exclusivamente ligadas ao Break. Nesse sentido, nos propomos a realizar reflexões sobre a ocupação do espaço, as disputas pelo lugar e luta por reconhecimento. Para nortear as discussões utilizamos algumas categorias analíticas como, por exemplo, cultura urbana, espaço público e conflito, tendo o Hip Hop como objeto das observações.

GRAFITE: UMA ANÁLISE ESTÉTICA E DISCURSIVA DA REPRESENTAÇÃO AFRODESCENDENTE

JESUS, Priscila Maria de (UFS) e  JESUS, Cristiane Margarete de (UFS)

O presente artigo consiste em um estudo discursivo e estético de grafites com representação afrodescendente presentes nas cidades de Salvador e Aracaju, coletados entre os anos de 2006 a 2013. O grafite, além de um intervenção estética e artística nas cidades contemporâneas, pode ser visto como uma intervenção social e, em alguns casos, como objeto de transgressão. Por meio da vertente da Análise do Discurso, a pesquisa busca analisar as construções linguísticas e a consolidação do discurso de denúncia nas frases presentes nos grafites nas paredes das cidades de Salvador e de Aracaju, que acompanha o caráter efêmero das cidades contemporâneas e hábitos diários de seus transeuntes. A partir dessa análise, o artigo busca entender e analisar essas produções e sua distribuição pelas paredes das cidades enquanto grandes exposições a céu aberto, um grande museu de percurso, demarcado pelas intervenções urbanas e que tem como seu público os transeuntes.

A GALERA DA CATEDRAL: REPRESENTAÇÕES DE UM ESTILO DE VIDA UNDERGROUND

SILVA, Williams Souza (UFS)

O presente artigo busca compreender o processo de legitimação do estilo de vida underground, reivindicado por um grupo de jovens frequentadores noturnos das escadarias da Catedral Metropolitana de Aracaju. A estratégia metodológica usada para o desenvolvimento do presente artigo foi o acompanhamento das vivências cotidianas do grupo, através da observação participante. A concepção de desvio a qual enquadramos o estilo de vida underground do referido grupo é a de outsiders, de Becker. Tal noção refere-se aqueles grupos que não seguem regras estabelecidas, contrariando aqueles que possuem o poder de classificar.    

VIAGEM COMO PRÁTICA DE LAZER: UM ESTUDO SOBRE OS PASSEIOS, EXCURSÕES E PIQUENIQUES REALIZADOS POR MORADORES DAS PERIFERIAS DO RECIFE

LEAL, Rosana Eduardo da Silva (UFS/UFPE)

A finalidade deste trabalho é refletir sobre o processo de produção, comercialização e consumo de passeios, piqueniques e excursões nas periferias do Recife. Trata-se de um recorte da tese de doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco, que foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica e de campo, servindo-se do método etnográfico, com o uso da observação participante e entrevista. Diante do exposto, identificamos que tais deslocamentos são capazes de evidenciar estilos de vida, habitus de classe, formas de sociabilidade e trocas econômicas, tornando-se um importante campo para se pensar e analisar a sociedade. Trata-se de um conjunto de trajetos que viabiliza formas de diversão e interação social capaz de construir e reafirmar vínculos sociais, bem como promover o contato e a experiência de visitar novos lugares.
  

GT 2 - Comunidades tradicionais e produção de sentido na sociedade contemporânea

TURISMO E ENDOMARKETING NO MUNICÍPIO DA BAIA DA TRAIÇÃO/PB

PAES, Taís Alexandre Antunes (UFS)

Este trabalho visa estudar a relação do endomarketing, na comunidade da Baía da Traição, com a atividade turística no município. O município da Baía da Traição no estado da Paraíba desperta o interesse dos visitantes pelas suas belas praias e atrativos históricos. Uma das suas principais riquezas histórico-cultural está relacionada à forte presença de tribos indígenas na região, o qual se constitui em um dos fatores de atração para os turistas. Para que o turismo não venha a trazer prejuízos para a Baía da Traição, é de grande importância o estabelecimento de estratégias de endomarketing no município, motivando e incentivando a comunidade (público interno) a unir-se perante as decisões tomadas para com o turismo. A pesquisa faz uso dos métodos dedutivos e descritivos com a aplicação de questionários com vários representantes institucionais da iniciativa pública, privada, ONGs e lideranças indígenas, que estão relacionados direta ou indiretamente a atividade turística. A seleção foi feita através da amostragem não-probabilística por cotas. Os questionários aplicados foram estruturados em quatro blocos abrangendo itens relacionados à: identificação dos entrevistados; turismo e endomarketing; turismo e tradições indígenas; meio ambiente. Além dos dados obtidos, através da aplicação dos questionários, também foram realizadas pesquisas bibliográficas A análise das respostas demonstrou divergências de percepções e opiniões entre os entrevistados, ausência de diálogo entre o governo e a população, conflitos políticos e culturais e carência de infra-estrutura adequada para receber um grande fluxo de turistas. Concluiu-se que a comunidade ainda não possui estratégias de endomarketing claras e bem definidas, e que os valores e tradições, em particular, dos indígenas, estão sendo transformados pela influência do turismo e da modernidade. Entretanto, há preocupações com a preservação de sua cultura e tradições e detectou-se elementos favoráveis ao exercício das atividades do endomarketing turístico.


AS MUDANÇAS CULTURAIS OBSERVADAS PELAS CERAMISTAS DE PASSAGEM DE PEDRA NO CARIRI CEARENSE

QUEIROZ, Luiz Antonio Pacheco de (UFS)

No sul do Ceará, ceramistas da localidade rural de Passagem de Pedra vivenciam as dificuldades de manter sua produção cerâmica. Há pelo menos três gerações a comunidade em questão compartilha conhecimentos com a exploração equilibrada dos recursos naturais. O trabalho artesanal mantem a comercialização dos vasilhames utilitários no Cariri cearense. A documentação etnoarqueológica realizada entre 2008 e 2011 forneceu informações para o entendimento dos significados das mudanças culturais em Passagem de Pedra. Transformações oriundas da economia mundial têm afetado o cotidiano da comunidade. O impacto é sentido intensamente pelas pessoas que atuam na produção cerâmica e que contam o tempo a partir de sua atividade laboral. Elas perderam as perspectivas de dar continuidade à produção oleira que dera visibilidade ao lugar. As particularidades do seu ofício estão num processo inexorável de desaparição. Este é um exemplo de trajetória que impossibilita a participação de comunidades tradicionais na construção de uma sociedade mais justa.

MEMÓRIA E PERTENCIMENTO: A IMPORTÂNCIA DO GRUPO NA CONSTITUIÇÃO DE VALORES CAMPONESES
                                         
FERREIRA, Karoline Coelho (UFS)

Os estudos a respeito do campesinato apontam que muitos grupos campesinos têm conseguido resistir às alterações provocadas pelo contato com a sociedade envolvente - a luta pela reforma agrária e o surgimento dos assentamentos rurais são experiências concretas disso. Pôde ser observada, em assentamentos rurais de Sergipe, a implementação do método “Camponês a camponês”, envolvendo camponeses em intercâmbios, com o objetivo de trocar experiências que supram suas demandas cotidianas, com soluções proporcionadas por experiências entre seus pares, que partilham da mesma realidade, visando que se constitua aos poucos uma relativa autonomia nas formas de produção e organização do trabalho baseados no conhecimento camponês local. A observação da primeira etapa de implementação deste método, apontou para importância das relações de reciprocidade construídas no decorrer destas. Buscou-se então, por intermédio do estudo da memória, atentar para a construção de estratégias de reprodução camponesa, sociabilizadas nos intercâmbios.

 O CAMPONÊS E O SEU PROTAGONISMO:EXEMPLO DO MST E A SUA LUTA PELA PERMANÊNCIA E GARANTIA DE QUALIDADE DE VIDA NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA DO MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA- SE

JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de (UFS)
           
O presente trabalho é resultado de meu trabalho de conclusão de curso em ciências sociais bacharelado. É importante destacar que, esse trabalho tinha como foco a questão dos direitos sociais e a categoria qualidade de vida em nove assentamentos rurais do município de Nossa Senhora da Glória no estado de Sergipe. A pesquisa-ação, a partir da realização de grupos focais, em conjunto com observações diretas e participantes, foram as formas de desenvolvimento de nosso trabalho de campo. Este trabalho tem a pretensão de contribuir para o conhecimento de um grupo social importante na história da luta pela terra, enquanto um direito social. Trata-se do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ademais apresentar as (novas) dinâmicas de protagonismo do MST na busca pela implementação de direitos sociais em seus respectivos assentamentos, bem como a luta pela garantia de sua permanência, preservação e manutenção de seu modo de viver camponês. 

COMUNIDADE FILU NUMA PERSPECTIVA CONTEPORÂNEA: “PASSADO, PRESENTE E FUTURO”

SILVA, Sandreana de Melo (UFS)

Meu campo de pesquisa é a comunidade remanescente quilombola Filú, localizada no município de Santana do Mundaú-Alagoas, que vive da agricultura de subsistência, tendo o milho, o feijão, a mandioca e a banana prata como sua principal fonte comercial. Outra renda está relacionada a aposentadoria dos mais velhos e a bolsa escola, recebida por algumas crianças. Meu objetivo de pesquisa tem como base o alto índice de albinismo, doença genética, existente na comunidade.  Guiando-me pela hipótese de que a principal causa está relacionada ao elevado número de casamento endogâmico, que se perpetua há várias décadas no grupo, analiso o matrimônio parental também  como consequência de um longo período  de exclusão social e racial, não apenas como uma escolha interna, mas pela inexistência de interação social entre a comunidade e seus vizinhos; pois conforme o discurso dos próprios moradores havia certa segregação.

UM ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE VISITANTES E VISITADOS NA ALDEIA XOKÓ-SE
CARDOSO, Gisélia de Souza (UFS)

A cada ano a comunidade indígena Xokó, localizada em Porto da Folha-SE, tem recebido um intenso fluxo de estudantes e pesquisadores interessados em conhecer os modos de vida da aldeia. Para compreender tal realidade, o estudo buscou entender como tem ocorrido o recebimento destes grupos e como se dá a relação entre visitantes e visitados, por meio da pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, observação direta, entrevistas e aplicação de questionários. Diante do estudo, identificou-se que a presença de visitantes no território Xokó constitui-se como uma forma de resgatar e expandir a cultura do grupo diante da sociedade mais ampla. Trata-se também de uma maneira de reafirmarem-se como protagonistas de seus costumes e práticas cotidianas, possibilitando que a identidade Xokó torne-se fonte de intercâmbio e conhecimento histórico, ambiental, social e cultural.

VAMOS NAVEGAR! A CONSTRUÇÃO ARTESANAL DE CANOAS NA CIDADE DE PÃO DE AÇÚCAR: ARTE E TRADICÃO PELAS MÃOS DOS MESTRES FAZEDORES DE CANOAS.

SILVA, Igor Luiz Rodrigues da (UFS)
           
Este trabalho procura analisar, dentro das limitações de um artigo, a construção social dos mestres fazedores de canoas, situados na cidade de Pão de Açúcar, no lado alagoano do rio São Francisco, tendo como marco teórico a arte da mestrança, o saber-fazer patrimonial e a perpetuação das tradições. A mestrança é praticada porque sistematiza o conhecimento, sendo o fundamento da realização do trabalho na condução das práticas sociais, nunca deixando de lado a valorização e exaltação do segredo. Para tal, é necessário entender também, como esses homens dotados de sabedoria e destreza articulam as suas praticas com os fatores ambientais, sociais e culturais, que interferem diretamente nas relações a apropriação do espaço e revalidam a perpetuação das tradicionais.

O COTIDIANO DAS MARISQUEIRAS DO POVOADO CRASTO-SANTA LUZIA DO ITANHY/SE

GRAÇA, Alessandra Santos da (UFS)

Esse trabalho busca apresentar o cotidiano das marisqueiras do povoado Crasto, em Santa Luzia do Itanhy/SE, localizado na comunidade Quilombola Luziense. A partir das narrativas referentes às suas praticas cotidianas, elas provavelmente revelaram a maneira como percebem sua existência e sua organização social, e como se relacionam com a reprodução socioambiental expressa em seus saberes e fazeres da pesca. Ou seja, a maneira como elas imaginam o tempo e espaço pesqueiro estão relacionadas com suas representações da realidade.  

PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA: PROCESSOS IDENTITÁRIOS E RELAÇÕES DE PODER

SOUZA,Claydivan Wesley dos S. (UFS)

Este trabalho tem como objetivo compreender, à luz do processo de institucionalização e gestão do Parque Nacional Serra de Itabaiana, as relações de poder e suas consequências, contidas na relação “Parque-comunidade” (gestores-agricultores familiares). A hipótese que aqui levantamos é a seguinte: No processo de criação e gestão do Parque Nacional Serra de Itabaiana, a ênfase na preservação do ambiente físico superou a preocupação com a forma como os agricultores se mantêm dentro de uma organização social intrinsecamente ligada aos recursos naturais advindos da Serra. Dessa forma, aspectos simbólicos como: religião e cultura local, bem como o sentido de pertencer a este lugar foram negligenciados ocasionando uma série de entraves na dinâmica social desses agricultores. Para tanto, este trabalho se valeu de uma metodologia qualitativa, devido à complexidade do objeto em análise. Utilizamos como procedimentos a observação participante e entrevistas com os atores envolvidos na trama (agricultores familiares e gestores do Parque). O Parque Nacional Serra de Itabaiana está localizado no agreste sergipano e possui uma área de aproximadamente 7.988 hectares, que se estende entre os municípios de Areia Branca, Campo do Brito, Itabaiana, Itaporanga D’Ajuda e Laranjeiras, no Estado de Sergipe.
                                                                                                                                                                                          
GT 03 – Relações raciais e retóricas de identidade

O fenômeno da judicialização da religiosidade afro-brasileira no estado de Sergipe.

SANTANA, João Víctor Pinto (UNIT)

A crítica de convicções e dogmas é garantida pela Constituição Federal, através da liberdade de expressão, entretanto, é preciso destacar que a conduta agressiva e o tratamento diferenciado em virtude da crença religiosa configuram-se como intolerância, que consiste em ser um crime inafiançável e imprescritível. Constata-se que atualmente é crescente o número de casos de intolerância contra religiões de matriz africana e, como consequência disto, uma busca do Judiciário para se posicionar diante de tal temática e, com isso, evidencia-se, hodiernamente, que a judicialização dos casos relacionados à intolerância religiosa ainda possui muita dificuldade no cenário jurídico atual, tendo em vista que diversos fatores dificultam a tipificação de tal crime, como por exemplo: a cultura do racimo ainda intrínseca na sociedade, a hegemonia de algumas religiões que fomentam a vitimização das religiões afro-brasileiras, e a origem histórica de formação e proteção jurídico-constitucional da liberdade religiosa. O preconceito e a discriminação relacionados às religiões afro-brasileiras que estão intrinsecamente inseridos na sociedade acabam, consequentemente, refletindo e interferindo na forma como o Poder Judiciário se posiciona diante de tal temática e geram decisões judiciais problemáticas para o exercício dessas religiões. No Estado de Sergipe, essa delicada realidade jurídico-social não configura-se de forma diferente, pois, contemporaneamente, um caso emblemático de intolerância religiosa foi verificado no sistema jurídico local (TJ/SE) que fora instaurado para apurar uma possível infração de perturbação do sossego alheio teve como objetivo proibir o funcionamento do referido templo. A judicialização da religiosidade afro-brasileira surge através das manifestações dos tribunais sobre a amplitude e a caracterização do direito ao livre culto e crença e do direito à preservação da cultura afro-brasileira, especialmente quando estes estão em colisão com outros direitos fundamentais. Portanto, considerando que tem sido o judiciário uma importante instância de consolidação das políticas públicas no Brasil, o estudo deste novo campo de atuação judicial. O presente estudo é de fundamental relevância, principalmente, neste momento em que políticas de ação afirmativa vêm sendo reconhecidas como cruciais para o aprofundamento da democracia brasileira e para a inclusão da população negra e para a consolidação do Estado Democrático de Direito.

             A judicialização das religiões de matriz africana no Brasil: os caminhos da liberdade religiosa diante da intolerância

CALDAS, Kelly Helena Santos; OLIVEIRA, Ilzver Matos (UNIT/SE e PUC/RIO)

A escolha religiosa representa a subjetividade e a exteriorização das diversas formas de relação entre o homem e a divindade, ou seja, um direito sobre-humano e espiritual, e não apenas uma mera concessão estatal. Em âmbito nacional, a elevação da liberdade religiosa ao status de direito humano fundamental somente materializou-se com o advento da Constituição Federal de 1988, ao estatuir a liberdade de consciência, de culto e de crença como mandamentos essenciais a todo e qualquer cidadão. Ocorre que, apesar do aparato constitucional e infraconstitucional de proteção e tutela do direito à livre escolha, consciência e manifestação da religiosidade, ainda é visível cenas de intolerância e violência no campo religioso, principalmente em desfavor das religiões afro-brasileiras, uma das mais afetadas em razão do histórico escravocrata e ainda racista existente em nossa sociedade. Diante desta realidade é possível observar um processo de construção da judicialização das religiões afro-brasileiras, a partir de como se dá o enfrentamento dos magistrados diante do sensível e sinuoso conflito entre o direito fundamental à liberdade afro-religiosa e aos outros direitos igualmente constitucionalizados, tais como: o sossego público e a proteção dos animais, dilema que demonstra a importância de compreender, sob o ponto de vista das ciências jurídicas, os mecanismos adotados pelos juízes brasileiros e, especialmente sergipanos, na solução de tamanha problemática.

Identidade e cultura afro-sergipana: uma análise a partir da festa da lavagem da conceição em Aracaju/SE.

SANTOS, Lumara Cristina Martins (UFRB)

Nos anos 80, desfrutando das ações precedentes da liberação de manifestações religiosas e da ascensão do debate de identidade, consequentemente identidade afro-religiosa (SILVA & AMARAL, 1996), um grupo de estudantes ao se verem na obrigação de pagar uma promessa feita ao orixá Oxum por ter lhes agraciado passar no vestibular, idealizaram a Lavagem da Conceição de Aracaju/SE. Esta festividade foi instituída em 1982 e caracteriza-se como uma manifestação cultural de caráter híbrido que combina práticas e símbolos das religiões afro-brasileiras e do catolicismo. Tendo o seu surgimento ocorrido a partir de uma promessa feita por um grupo de oito estudantes que iam concorrer, através do vestibular, a vagas na Universidade Federal da Bahia - UFBA. A promessa se constituía em realizar a lavagem das escadarias da catedral de Aracaju, pois essa é a igreja de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade, e de acordo com o sincretismo afro-católico a santa é correlacionada ao orixá Oxum. Nesse sentido, a festa em análise contém aspectos em que a construção e a apropriação dos espaços públicos delineiam a produção, reprodução e transformações do evento festivo. Atualmente, a busca pela legitimidade do evento inclui e exclui os detentores ou não de um capital religioso que colocam em questão identidades locais em tensão.

 Ações Afirmativas e meritocracia: o desempenho dos alunos cotistas na universidade federal de Sergipe no primeiro ano do PAAF/UFS


CARVALHO, José Lucas Santos; OLIVEIRA,  Ilzver de Matos (UNIT/SE PUC/RIO)                         

As políticas de ação afirmativa e seus respectivos mecanismos de implementação, especialmente no campo da educação pública superior brasileira, colocaram na pauta de discussão do Brasil contemporâneo a questão da desigualdade de ensino e do preconceito étnico-racial. Esta nova demanda por efetividade dos direitos sociais, no caso, o direito à educação, é uma das principais características das democracias presentes como o Brasil. Em Sergipe, o Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Sergipe – PAAF/UFS foi implantado em 2009, e conta com uma Comissão responsável pela implantação do programa, acompanhamento e permanência dos discentes. A dita Comissão também ficou responsável pela constituição de uma política de acompanhamento da inserção sócio-profissional dos alunos cotistas da universidade. Em relação ao desempenho acadêmico dos alunos cotistas e não cotistas da Universidade, a Comissão do PAAF/UFS emite relatórios anuais sobre o desempenho dos alunos, haja vista que, dentre os argumentos contrários às ações afirmativas encontrava-se o de que o modelo rebaixaria o nível educacional e que os alunos cotistas não conseguiriam acompanhar o desempenho dos não cotistas. Assim, é deste cenário que emerge a importância de pesquisar como a constitucionalização das ações afirmativas no Ensino Superior é vivenciada na realidade sergipana, uma vez que tanto a sociedade local quanto a comunidade acadêmica se dividem em opiniões favoráveis e contrárias a esta política pública. Desse modo, utilizando-se de pesquisa bibliográfica e documental de abordagem qualitativa e quantitativa como método, pesquisamos o desempenho dos alunos cotistas e não cotistas da UFS no primeiro ano de implantação do sistema de cotas a partir dos relatórios produzidos pela supracitada Comissão. Para atender aos objetivos propostos, pesquisamos o processo de sistematização e estruturação do PAAF/UFS, os debates e reflexões que proporcionaram a sua criação e as pesquisas desenvolvidas pela Comissão responsável por implantar o Programa, além dos seus principais aspectos e regras, em seguida, passamos ao estudo dos dados obtidos.
                                        
Ações afirmativas: relações sociais e representações dos alunos cotistas da universidade federal de Sergipe

JESUS, Mayara Oliveira de (UFS) e GARCIA, José Alison Nascimento  (UFS)

O objetivo deste trabalho foi concebido com o escopo de analisar quantitativamente e qualitativamente os jovens que ingressaram na Universidade Federal de Sergipe através das Ações Afirmativas, tendo em foco suas representações sociais antes e depois desse ingresso. O trabalho em questão se concentra na perspectiva da análise sobre os jovens universitários oriundos do ensino médio público e as mudanças ocorridas após essa entrada. O caráter fundamental da pesquisa se baseia em alunos cotistas entendendo como eles estão se representando nesse novo momento. Para tanto, a realização desse trabalho se concentra no quesito referente à autodefinição de cor dos entrevistados na tentativa de perceber como estes atores recebem a aplicação das políticas de cotas, bem como, analisar se estas Ações são determinantes ou não nas relações sociais dentro da Universidade Federal de Sergipe.

A condição da raça e os seus desdobramentos: um olhar sobre as políticas de cotas na universidade federal de Sergipe

ASSIS, Yérsia Souza de   (UFS)

Este trabalho tem por finalidade, fazer um debate sobre como a raça é um elemento condicionante nas relações sociais no Brasil. Pensando, especialmente no contexto universitário público, este trabalho pretende entender como são formatadas as narrativas dos estudantes que utilizaram o sistema de reserva de vagas na sua modalidade cota racial. Buscando inspiração reflexiva nos debates que estão sendo feitos nas Ciências Sociais, sobretudo na Antropologia, busco ancorar as balizes de analise da pesquisa. Além dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos em cima da temática Cotas na Universidade Federal de Sergipe (UFS) (NEVES, 2012; MARCON, 2010; MARCON e SUBRINHO, 2010). Além desse fato, amparo-me na minha pesquisa monográfica de caráter quantitativo acerca das cotas na UFS realizada no ano de 2011 e que teve como recurso empírico os dados obtidos através da CCV (Comissão de Concurso Vestibular) das primeiras turmas ingressantes na modalidade cota. A UFS continua a ser meu espaço de investigação. Desta forma, objetivamente o trabalho almeja entender a condição da raça enquanto fator condicionante presente na narrativa de estudantes cotistas raciais e os implicativos dessa questão.
  
A arquitetura da participação racial-institucional no estado de Sergipe

COSTA, Aline Ferreira da Silva (UFS)

Este paper consiste num primeiro esforço de apresentação e discussão de dados de uma pesquisa em curso a cerca da emergência de militantes negros nas esferas institucionais de governo. Diante disso, apresentaremos aqui dados preliminares das condições de emergência de lideranças negras nos espaços de governo, no Estado de Sergipe, destacado a arquitetura de participação institucional, a atuação dos sujeitos envolvidos na participação e os resultados práticos das ações desenvolvidas. Com esta discussão, pretendemos refletir sobre as ações desenvolvidas no Estado de Sergipe para consolidar o que os governos de esquerda vêm defendendo como implantação e consolidação da “democracia participativa”. O objetivo é refletir quais são as condições que os atores sociais escolhidos para participarem das esferas institucionais têm, analisando quais são os espaços de abertura do Estado e como isso tem reverberado (ou não) na realização da chamada política de desenvolvimento étnico-racial. 

  

GT 4 - Espaços religiosos, formas de expressão, festa e poder.

A CONSTRUÇÃO DO SÃO JOÃO DE PAZ E AMOR EM AREIA BRANCA/SE: FESTA E IDENTIDADE.

ARAÚJO, Liana Matos (UFS)

Este trabalho tem como objetivo analisar o São João de Paz e Amor, uma das principais festas do ciclo junino do Estado de Sergipe, que acontece no município de Areia Branca. Com base em arquivos públicos, entrevistas e pesquisa bibliográfica, descreve-se a participação dos moradores e do poder público no processo de transformação de uma festa local e comunitária em evento comercial, político e turístico na década de 80 e 90. A construção de uma identidade festiva associada à não-violência, à ausência de fogos e, sobretudo, ao amor, tornou-se o sinal diacrítico dos festejos de Areia Branca no universo das festas juninas da Região Nordeste. Portanto, a análise da construção do São João de Paz e Amor e de sua identidade festiva Paz e Amor se fazem importante na compreensão sobre a urbanização dos festejos juninos do estado.

ETNOGRAFIA DO PENSAMENTO INTELECTUAL E O ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS.
CRUZ, Jackeline Fernandes da (UFS)


O presente trabalho tem a pretensão de apresentar um esboço sobre uma etnografia do pensamento intelectual brasileiro acerca do folclore e seus desdobramentos no Estado de Sergipe, resultando, entre outros aspectos, na criação do Encontro Cultural de Laranjeiras. O "movimento folclórico" abarca um conjunto de iniciativas de um seleto grupo de intelectuais que ambicionavam o reconhecimento do folclore enquanto conhecimento científico. A organização de eventos, seminários, congressos e festas folclóricas se ramificou em vários Estados do país graças, inicialmente, à Comissão Nacional de Folclore (CNFL), órgão executivo vinculado ao Ministério da Educação. O Encontro Cultural de Laranjeiras, sem dúvidas, representa um traço do movimento missionário promovido por intelectuais defensores do folclore, sobretudo, a partir da década de 60. Para desenvolver o trabalho foi feito uma pesquisa bibliográfica de autores relacionados ao tema.

UMA BABILÔNIA CHAMADA ALAGOAS: CULTURA RASTAFÁRI EM MACEIÓ E UNIÃO DOS PALMARES
                                          
SANTOS, David José Silva (UFBA)

Este trabalho tem por objetivo principal realizar uma discussão sobre como a cultura Rastafári se apresenta em Maceió e União dos Palmares. Nas referidas cidades essa cultura se tornou conhecida através do reggae. Este por sua vez teve início nas periferias, tocado primeiro nas sedes dos clubes de bairros e posteriormente em discotecas. Rapidamente, esse estilo musical se tornou muito popular, surgindo também programas de rádio exclusivamente de reggae e a formação das primeiras bandas. De algumas dessas bandas, em Maceió, surgiram os primeiros rastas que vivenciam o Rastafári de uma maneira própria, não compondo nenhuma casa Rastafári. Em União dos Palmares, a imersão na Cultura Rastafári ocorreu de forma diferente de Maceió, uma vez que o líder da Banda Comunidade Quilombola se despertou como Rastafári em São Paulo, quando teve contado com alguns rastas da Casa de Menelick. 

           
Por uma história da umbanda Cearense em Caucaia e Fortaleza nas últimas décadas

ARAÚJO, Sheilla Sousa (UFCE)

A história no seu sentido amplo trata-se de uma tarefa além da possiblidades deste artigo. Falar sobre a Umbanda é um tema importante na Formação Cultural do Ceará e do nordeste, entretanto passível de muitos preconceitos sociais e controvérsias acadêmicas. Neste artigo abordamos o tema sob o enfoque da historia oral e da autobiografia elencando uma constelação de histórias da umbanda cearense. A umbanda é uma religião múltipla, que sofreu várias influências de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo de Kardec, a pajelança e o candomblé africano. As versões e linhas são várias sendo que os lugares geográficos determinam algumas característica ou diferenças de trabalhos ritualísticos e da expressão da fé.  Então dissertamos aqui sobre o que é, em nosso conceito, a Umbanda. Entre os praticantes da Umbanda é dito que há muitos escritores que registraram a história antes de 1980, mas são poucos os que falam do tempo presente. Assim se justifica este trabalho como enfoque nos últimos 20 anos.

 

A COR DA ORAÇÃO: AS PRÁTICAS DA IRMANDADE DE SÃO BENEDITO NA CIDADE DE ARACAJU-SE NA ATUALIDADE


JUNIOR, João Mouzart de Oliveira (UFS)    


Em Sergipe é possível encontrar inúmeras manifestações religiosas. A identificação, o registro e a problematização das fontes referentes às irmandades católicas, permite a compreensão das manifestações religiosas e da espiritualidade no estado de Sergipe. A análise das fontes como estatutos e registros pós-morte permite, ainda, compreender como os espaços de devoção e ritualização da fé inventavam o social e cultural dentro das confrarias. As irmandades nos indicam chaves de leitura relevantes para pensarmos o papel da religiosidade tradicional, informando sobre suas sociabilidades e como manifestação de uma fé desenha laços identitários entre grupos. Nos limites desse texto, de uma pesquisa em sua fase inicial, propomos apontar para as chaves de leitura que a documentação investigada até agora nos apresenta, oportunamente tomando como referência a irmandade de São Benedito, na cidade de Aracaju. 

 

REZADEIRAS DE FREI PAULO: OS RAMOS E A FÉ A SERVIÇO DA CURA


OLIVEIRA, José Erivaldo Simões de (UFS)

Esse trabalho tem como objetivo principal analisar e descrever antropologicamente as práticas de curas exercidas pelas rezadeiras na cidade de Frei Paulo, município do agreste sergipano, tendo como intuito trazer à tona como esse grupo religioso, que faz parte do catolicismo popular, tece suas experiências consideradas mágicas dentro da sociedade e, ao mesmo tempo, consegue ser aceito ou legitimado, em um ambiente disputado religiosamente por tantos agentes do sagrado. Para isso, realizamos em campo o registro da oralidade de tais religiosas e, além disso, fizemos o levantamento bibliográfico de autores clássicos e contemporâneos da antropologia sobre o tema.
         

ÍCONES DE CURA E FÉ: AS PROMESSAS DA IGREJA SENHOS DOS PASSOS EM SÃO CRISTÓVÃO, UM DISCURSO SOBRE A DOENÇA

PEREIRA, Lúcia Maria.
           
Este trabalho é parte de um estudo etnográfico feito entre 2008 e 2012, das promessas de São Cristóvão – palavras e coisas – depositadas pelos romeiros devotos do Senhor dos Passos durante a procissão, que ocorre no segundo fim de semana da quaresma, sendo essas promessas uma forma de pagamento por curas alcançadas ou desejadas. A pesquisa é resultante da ação de reorganização desses objetos sagrados no novo espaço, no final do ano de 2008. O objetivo fundamental deste estudo é identificar, quantificar, classificar e analisar a relação dos objetos sagrados a partir da relação com a saúde\doença. A procissão é compreendida como rito ascético a partir da concepção durkheimeana de crenças, ritos e representações e os objetos sagrados – as promessas (ex-votos) e os bilhetes – são abordados como signos de cura\fé e classificados como ícones, índices e símbolos segundo a semiótica peirceana. Esta perspectiva permitiu ler, ver e ouvir os enunciados sobre a doença a partir do doente – o discurso sobre a doença – um itinerário etiológico proposto por Laplantine, que ajudou a identificar as diferentes respostas para o “porquê” da doença entre os romeiros através de suas falas identificando seus múltiplos sentidos. A visão abrangente e totalizante da doença caracteriza essas práticas de cura mágico-religiosas como uma posição marginal à medicina científica oficial, individualizada e focada na terapêutica medicamentosa e cirúrgica.

GT 5 - Estudos culturais e a pesquisa em suas múltiplas possibilidades.

UMA ANÁLISE DAS MEMÓRIAS DO CANGAÇO NA “DANÇA DE CABRA MACHO”.

SOUZA, Jéssica da Silva (UFS)
                                          
O cangaço é temática recorrente em diversas áreas. É notório atualmente, principalmente em solo nordestino, uma nítida apropriação das memórias que se têm do cangaço de várias maneiras e com diversos fins. No caso deste trabalho, discorreremos acerca da apropriação das memórias do cangaço através do xaxado, a “dança de cabra macho”, que teria surgido dentro dos bandos de cangaceiros. Através da metodologia da História Oral e análise semiológica de apresentações dos grupos “Cabras de Lampião”, de Serra Talhada/PE, e “Na Pisada de Lampião”, de Poço Redondo/SE, buscamos compreender como o xaxado tem contribuído para a formação de uma identidade e de uma certa memória social do cangaço nos estados que representam locais de nascimento e morte de Lampião, respectivamente.

 A REPRESENTAÇÃO DE ANTÔNIO CONSELHERO NA OBRA DE MANUEL PEDROS DAS DORES BOMBINHA “CANUDOS, HISTÓRIA EM VERSOS”.

SILVA, Alíson Oliveira da (UFS)

O presente trabalho tem como objetivo analisar a obra de Manuel Pedros das Dores Bombinha “Canudos, história em versos” uma literatura histórica, escrita a partir de memórias escolhidas dos soldados que participaram das três primeiras expedições para a Guerra de Canudos e a memória do autor que participou da quarta expedição, como testemunha ocular dos acontecimentos, estudando as representações sobre Antônio Conselheiro e sua jornada santa em Canudos.

 REPRESENTAÇÃO DO RACISMO À BRASILEIRA NA LITERATURA DE CORDEL (1900 – 1940).

SANTOS, Cinthia Roberta dos (UFAL)        

O presente artigo buscará pensar as questões étnico-raciais existentes no processo de construção do imaginário sociocultural de homens e mulheres sertanejos no início do século XX. Para tal análise, recorremos à literatura de cordel, prática cultural muito difundida no nordeste brasileiro, principalmente nos meios menos urbanizados. Traçaremos um diálogo entre história e literatura, em que, nos propomos a analisar de que maneira o racismo à brasileira difundido pelos intelectuais do início do século XX, foi representado dentro da literatura de cordel. Para tal, mapearemos os discursos que constroem as representações desse imaginário sociocultural racista, como também os mecanismos sociopolíticos de sua produção.

           
O CONCEITO ETNODESIGN NA MEMÓRIA E REPRESENTAÇÃO DE ARTEFATOS AFRO-BRASILEIROS.

ALMEIDA, Anderson Diego da Silva (UFAL)

A proposta central desse artigo é fazer uma discussão em torno da construção do conceito do etnodesign. No Brasil, esse conceito desenvolve-se como proposta para resgatar processos de construção estética dos grupos étnicos indígenas, deixando de lado a produção da etnia afro-brasileira para a história do design. A metodologia abordada se configura com levantamento bibliográfico, midiático, imagético, análise de alguns artefatos da Coleção Perseverança do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – IHGAL através de catálogos pertencentes a esse museu.


ROTEIROS TURÍSTICOS TEMÁTICOS EM SÃO CRISTÓVÃO/SE: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E TURISMO CULTURAL ALICERÇANDO A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA LOCAL.

ALEXANDRE, Lilian Maria de Mesquita. (UFS) e SANTOS, Elissandra Silva (UFS)

O presente trabalho tem como objetivo propor a educação patrimonial através do turismo cultural como uma união necessária na cidade de São Cristóvão/SE, assim como, da necessidade de preservação, valorização e resguardo desse patrimônio. Partimos de uma discussão à luz dos princípios da educação patrimonial, levando-se em consideração as possibilidades de se pensar o desenvolvimento dessa prática associada ao turismo cultural. Para atingir os objetivos propostos foram realizadas algumas etapas de pesquisa como a bibliográfica, entrevista, identificação de roteiros, entre outros, a fim de apontar a importância da educação patrimonial no processo de construção da consciência identitária e na manutenção das tradições locais. Como resultado, foram obtidos, através das oficinas temáticas com a comunidade, indicação de roteiros dentro da cidade, que puderam fortalecer a autoestima dos cristovenses, pois viram seus lugares valorizados.


(HOMO)SEXUALIDADES, GÊNERO E PODER: REFLEXÕES A PARTIR DOS ESTUDOS CULTURAIS E DA TEORIA QUEER.

SANTOS, Sérgio Lima dos (UFS)

Esta comunicação propõe algumas reflexões sobre os estudos a respeito das (homo)sexualidades, gênero e poder. O objetivo é apresentar as configurações dos debates teórico-metodológicos em torno das identidades sexuais e de gênero, oriundos das teorizações feministas, assim como à crítica interposta pelos Estudos Culturais e a Teoria Queer no tocante à necessidade de superação das representações dicotômicas entre sexo e gênero expressas nos processos de subjetivação. A proposta de superação reside na necessidade de construção de um pensamento de negação às formas essencialistas de identidades existentes nos discursos e práticas em torno das políticas de reconhecimento na contemporaneidade.



CULTURAS JUVENIS E DISTINÇÃO: OS PROCESSOS IDENTIFICAÇÃO NO USO DOS LUGARES DE SOCIABILIDADES NO BAIRRO SIQUEIRA CAMPOS.

ALMEIDA NETO, Mateus Antonio de (UFS)

O presente trabalho busca apresentar os dados de uma pesquisa de campo realizada entre os anos de 2010 e 2012. Nesse sentido, realizei diversas incursões etnográficas com o objetivo de analisar as tensões, as práticas, o consumo, os conflitos e as experiências particulares realizadas pelas culturas juvenis reconhecidas no Bairro Siqueira Campos, Aracaju (SE) como a “galera do rock”, do “hip hop” e do “reggae”, que em seu conjunto formam os “alternativos”; e os “pagodeiros” nos usos dos lugares de lazer e sociabilidades no bairro. Busco perceber os construtos de estilos de vida distintos. Para tal, enveredo por compreender como cada um dos grupos percebe os “outros” e como vêem a “si mesmos”, além de analisar como eles se caracterizam e se relacionam com os lugares no Siqueira Campos, imprimindo sentido aos espaços.


“PAÍS DO FORRÓ”: REINVENÇÕES E IDENTIDADES NA MUSICALIDADE SERGIPANA - UMA ABORDAGEM PRELIMINAR

SILVA, Thiago Paulino da   (UFS)

O forró é uma manifestação musical relevante dentro do caldeirão cultural brasileiro. Com seu ritmo dançante e característico ele se insere numa produção simbólica mais ampla que diz muito da história e das transformações sociais dos atores sociais que o produzem e o consomem.  São aspectos que vão desde as transformações de tradições festivas em arraiais comunitários à produção e consumo nos espetáculos de mega-shows juninos. O presente trabalho pretende levantar uma discussão sobre os caminhos e reinvenções do forró, percorridos por grupos sergipanos, e sobre os processos identitários que permeiam essa manifestação artístico-popular. A abordagem preliminar levantará questionamentos e observará como os Estudos Culturais podem contribuir para um entendimento das dinâmicas dessa produção simbólica.

IDENTIDADE E CULTURA NA SOCIEDADE PÓS-MODERNA.

BEZERRA, Daniela Moura (UFS)

As discussões em torno dos temas cultura e identidades não são recentes e nem mesmo unívocas nas Ciências Sociais. Na segunda metade do século XX, a proposta de pensar as relações entre o simbólico e o social, tomando como ponto de partida as variadas manifestações da cultura, tomou fôlego e influenciou o surgimento e desenvolvimento de algumas vertentes dessa área do conhecimento, a exemplo dos Estudos Culturais (EC) e Pós-Colonialistas; como também esteve presente nos debates referentes ao processo de globalização e a difusão tecnológica.  O objetivo principal deste artigo é apresentar o projeto teórico dos Estudos Culturais, uma vez que representa a vertente em que tal abordagem tem se destacado, e sua relação com duas consequências da chamada sociedade pós-moderna: novas tecnologias e o pós- colonialismo. Em um primeiro momento discutiremos a relação cultura, identidades e os avanços tecnológicos e em seguida falaremos sobre a identidade e diferença para os EC e pós-colonialistas.


GT 6 – Mediações Culturais, Identidades e Relações de Poder

CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES

FEITOSA, Alessandra Moreira  (UFS)

O presente trabalho tem como foco o estudo dos processos identitários resultantes dos conflitos socioambientais decorrentes da implantação de uma Unidade de Conservação em Sergipe, o Parque Nacional Serra de Itabaiana. A categoria processos identitários é utilizada em substituição à de identidade na tentativa de fugir de uma perspectiva essencialista e para demonstrar que esta é um processo de construção onde os sujeitos se definem e se localizam em relação a outros sujeitos, normalmente uma relação politizada e envolta em disputas. Nesse contexto, os moradores do entorno da área de preservação se adaptam à realidade recente adotando posturas distintas para lidar com os novos interlocutores como os órgãos de proteção ambiental. Também  há, de certa forma, dificuldade na criação de diálogo entre comunidade e poder público, gerando uma série de conflitos. Dessa forma, os sujeitos constroem novas formas identitárias na tentativa de mediar tais conflitos.

 O DIA DO GARI: ESTIGMA E RECONHECIMENTO EM ARACAJU

SALES, Larissa Bomfim (UFS)

Este trabalho tem por objetivo compreender a representação dos “garis” feita pela Prefeitura Municipal de Aracaju, especialmente no Dia do Gari, enquanto um discurso legitimador de ideias a respeito dos mesmos. A identidade é entendida como social, múltipla e política, algo que se realiza num processo agonístico de identificação a partir da alteridade. A representação feita dos garis e sua identificação de grupo são vistas como construídas numa linha tênue, cujos critérios e referências são híbridos, portadores de categorias distintivas reguladas tanto pelos de dentro como pelos de fora e os referentes da representação não fazem referência a uma imagem imediata. Assim, é situado o drama da afirmação e negação dos atributos da discriminação nas reivindicações de reconhecimento atravessadas pelos signos depreciativos da profissão de gari.


O TURISMO CULTURAL COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E CIDADANIA: ANALISANDO UM ROTEIRO EDUCATIVO NO MUSEU DA GENTE SERGIPANA.

GOMES, Mariana Selister (UFS); SANTOS, Carlos Moisés de Lima (UFS); VASCONCELOS, Cyndiane Escarlete Dias (UFS); SILVA, Hevida Aragão Silva (UFS); BRITO, Sabrina Vieira de Brito (UFS) e ANDRADE, Talita Raquel dos Santos Andrade (UFS) 

O artigo analisa se o turismo cultural na comunidade local contribui para a educação patrimonial e para a cidadania, bem como, reflete sobre a possibilidade de o turismo atuar como um mediador cultural. Tais reflexões partiram de uma ação inserida no Projeto de Extensão “Trilhas Urbanas em Aracaju: os múltiplos olhares sobre a cidade” (do Núcleo de Turismo da Universidade Federal de Sergipe). Realizou-se um roteiro ao Museu da Gente Sergipana, acompanhado de uma oficina de educação patrimonial, com alunos de escola pública. A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação, tendo como técnicas de coletas de dados os questionários e a observação. Percebeu-se que os estudantes desconheciam equipamentos culturais da cidade e não valorizavam o patrimônio cultural local, ao passo que conheciam e valorizavam patrimônios culturais que se tornaram hegemônicos; sendo que a ação contribuiu para reverter esta situação. Evidenciou-se o potencial do turismo cultural em despertar a cidadania e o pertencimento, bem como, sua responsabilidade em atuar como mediador cultural de lógicas diversas.


DISCURSOS, POLÍTICA E CIÊNCIA  NO NÚCLEO DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES SOBRE PSICOATIVOS

ARAUJO, Felipe Silva (UFS)

Procura-se neste estudo observar de maneira aproximada as estratégias de atuação discursiva de um grupo simultaneamente político e científico, o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Inicialmente um grupo presencial, desde sua criação em 2001 o Neip cresce rapidamente e se consolida como um espaço virtual no qual diversos pesquisadores das áreas de humanas publicam seus estudos sobre usos psicoativos e sociedade, compartilhando de um eixo político comum: o antiproibicionismo, ou seja, a crença, fundamentada na ciência, de que as políticas sociais punitivas, historicamente empreendidas contra usuários de drogas, fracassaram em suas convicções medicalizadas, e que seria o momento de permitir às humanidades participação nas decisões políticas, contribuindo com uma visão mais racional sobre a relação entre drogas e sociedade.


PAULO FREIRE E SUA PEDAGOGIA DESCOLONIZADORA NA LUTA DO SIGNO CONTRA AS REPRESENTAÇÕES

SILVA, Renato Izidoro da (UFS)


Este trabalho trata da relação teórica e conceitual entre a concepção pedagogia da alfabetização em Paulo Freire e a crítica semiológica do paradigma epistemológico e ideológico da representação no Iluminismo enquanto mediação – reduplicação – absoluta e inequívoca entre a subjetividade epistêmica da razão e o desenvolvimento do processo de colonização na construção ideológica da Modernidade e sua imagética eurocêntrica acerca dos nativos na condição de objetos de conhecimento. Para tanto, argumentamos que a pedagogia freireana faz parte de um contexto histórico configurado a partir da emergência da consciência estruturalista e pós-estruturalista do papel do signo na construção do conhecimento científico em oposição ao papel atribuído à representação como duplicação ou imitação da realidade, segundo a obra “Filosofia e Estruturalismo”, de François Wahl.


PROFESSORES POLÍTICOS EM SERGIPE: A INTERNET COMO FORMA DE MEDIAÇÃO

FIGUEIREDO, Taís C. S. (UFS)

Esta apresentação é parte do resultado de minha pesquisa desenvolvida no programa de Mestrado em Antropologia (UFS), em que buscou apreender os condicionais sociais e culturais implicados no processo de polítização de professores eleitos vereadores de Aracaju nas eleições de 2008 e deputados estaduais e federais eleitos em Sergipe em 2010. Desta forma um dos objetivos da pesquisa foi identificar as formas de representação adotadas por tais políticos e a internet foi um dos recursos de análise escolhido. Além da internet ser uma ferramenta de comunicação social e de expressão da representação política, as novas mídias possibilitam novas formas de envolvimento das pessoas em geral com o processo político, intensificam as relações de poder e de identidade profissional e passam a exercer um papel importante no armazenamento de informações e na manutenção da mediação entre os eleitores e os políticos. Para a pesquisa foram analisados os sites dos professores políticos e a rede social facebook, pois as duas ferramentas eram utilizadas por todos eles.


MULHERES POLICIAIS E RELAÇÕES DE PODER: TENSÕES COTIDIANAS NAS UNIDADES OPERACIONAIS DA POLÍCIA MILITAR DE SERGIPE

LOBATO, Élida Damasceno (UFS)

Com esta pesquisa, objetivou-se analisar o cotidiano das mulheres policiais que atuam no serviço operacional da Polícia Militar de Sergipe, com foco em Aracaju. Partiu-se da premissa de que as estratégias propostas pelas relações de forças estabelecidas elencam possíveis situações de desrespeito e discriminação, visto que o modelo de masculinidade ainda é predominante no cotidiano das práticas policiais. A pesquisa teve como proposta central o estudo do trabalho realizado por mulheres policiais que estão inseridas nas unidades operacionais, como é o caso do Batalhão de Choque, unidade observada, analisando, portanto, as dinâmicas que emergem das relações sociais de gênero. Nesse sentido, a problemática se deu em torno de compreender como o cotidiano da mulher nas unidades operacionais, que são lugares construídos de modo masculinizado em seus modelos de ação, ou seja, vistos como redutos masculinos, se caracteriza no âmbito das relações de gênero e poder que ali são estabelecidas, bem como as tensões dele advindas. A metodologia utilizada se deu a partir das observações no campo, de nove entrevistas realizadas com mulheres que atuam ou atuaram no policiamento operacional e também por pesquisa documental. A análise permitiu mostrar que a participação das mulheres no trabalho operacional da Polícia Militar está envolto pela diversidade de poderes estabelecidos, pelo não reconhecimento de determinadas ações em detrimento da manutenção do modelo de masculinidade vigente, mas também aponta para novas formas de se fazer o policiamento. As mulheres se aliam ao modelo já estabelecido, ampliando-os astuciosamente com outros atributos, tais como flexibilidade e atenção, utilizando-os como táticas para superar as dificuldades que enfrentam no exercício de sua função. Com isso aumentam a mobilidade das ações, inovando e surpreendendo nas práticas laborais e nas interações sociais.


PRODUÇÃO CULTURAL E MEDIAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE OS ATORES SOCIAIS DO COLETIVO FORA DO EIXO (2005-2013)

BRASIL, Wener da Silva (UFS)

Este trabalho tem como objetivo principal analisar e compreender a atuação do Coletivo Fora do Eixo, entre o período de 2005 e 2013, apontando configurações internas aos grupos, bem como seus modelos compartilhados de funcionamento, percebendo o papel de seus mediadores nesse processo denominam de democratização e participação da produção cultural. Como objetivo geral procurou-se compreender a partir de quais espaços, indivíduos e estratégias discursivas, o Coletivo Fora do Eixo atua no debate contemporâneo brasileiro sobre a cultura em seus diferentes segmentos. A metodologia aplicada foi analisar os espaços virtuais como os sites e as redes sociais, o espaço de representação oficial do coletivo, além do estudo das trajetórias sociais dos seus coordenadores, que são indivíduos escolhidos como ocupantes de papéis representativos deste cenário. Pretende-se aqui, analisar a atuação discursiva e compreender as vastas ações sociais desse grupo.



GT 7 - Políticas Raciais e Educação

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA EM SERGIPE: NOTAS SOBRE OS ANTECEDENTES DA LEI 10639 - (1980 – 2003)

BISPO, Denise Maria de Souza (UFS)

O presente estudo apresenta os passos iniciais da pesquisa que desenvolvo no Mestrado em História da UFS sobre as experiências que discutem a História e Cultura afro-brasileira no espaço educacional sergipano nos períodos de 1980 a 2003, a partir da problematização da memória produzida em instituições de ensino, agências, agentes sociais envolvidos no trato com os assuntos ligados de alguma forma a articulação para a inserção dos conteúdos desenhados na lei 10.639/03. No contexto sergipano, há algum tempo observa-se a organização de entidades as quais culminavam com a proposta do movimento negro no estado para valorização da cultura afro-brasileira em diferentes espaços, desde as representações culturais ao incentivo para a inserção da história ligada aos negros e aos índios no cotidiano escolar, com o objetivo de desconstruir visões etnocêntricas.

POLÍTICAS RACIAIS E EDUCAÇÃO NO BRASIL MODERNO

SILVA, Diego Lima e; TEIXEIRA, Vanuza (UFS)                                                  

As políticas raciais e a educação no Brasil apresentam dados delicados, pois enquanto 7ª economia do mundo, o país apresenta 16,7 milhões de pessoas na extrema pobreza, sendo que 70% dos pobres no Brasil são negros. No primeiro século após abolição, as políticas públicas raciais foram quase inexistentes. O surgimento de programas para a equidade social foi feito através de movimentos sociais, sobretudo o movimento negro que através de pressões político-sociais contribuíram para o reconhecimento pelo estado Brasileiro da existência do racismo. Apesar disso, somente a partir de 2003 começaram a ser executados diversos programas socioeducativos, tendo em vista a equidade social. É reconhecível o esforço do governo federal para o estreitamento do hiato no que concerne a desigualdade entre brancos e negros, contudo existem dados alarmantes a respeito da violência. Enquanto na última década baixou o índice de homicídios de brancos, aumentou o índice para os negros. Portanto, é necessário um novo olhar sobre os sujeitos brasileiros e definir o caminho para a equidade social. 


FISE/FANEB DIVERSOS OLHARES SOBRE A COMUNIDADE KARIRI-XOCÓ: DIALOGANDO SOBRE SER ÍNDIO NA CONTEMPORANEIDADE

ALVES, Francileide Souza e SANTOS, Elissandra Silva (SEED/SE)

O conceito de cultura é bastante discutido e vem sendo abordado em diversas áreas. A partir do pensamento de Stuart Hall (2003), o propósito deste trabalho foi compreender a identidade cultural indígena e quais as mudanças mais marcantes na sociedade contemporânea. Respaldados pela Educação Patrimonial e pela Lei 11.645/08, buscamos reconhecer a história e as expressões culturais do grupo Kariri-Xocó, visando descobrir os significados, as continuidades, as transformações e reutilizações das marcas culturais dessa comunidade. O trabalho foi feito a partir da percepção da comunidade escolar sobre o significado de ser índio. Para tal tarefa, o projeto foi dividido em quatro partes: 1) Observação e Discussão; 2) Apresentação; 3) Sensibilização; e 4) Vivência. Desde as discussões iniciais até a culminância com visita à tribo, foram estabelecidos diálogos que permitiram reflexão sobre a importância dos grupos indígenas e suscitar olhar mais crítico e flexível quanto ao entendimento da identidade indígena na atual sociedade.

A EDUCAÇÃO ENTRE A PADRONIZAÇÃO E A DIVERSIDADE: UMA REFLEXÃO ACERCA DA LINGUAGEM E DA ETNIA

GOMES, Jaqueline  (UFS)

Numa sociedade desigual, os preconceitos são quase sempre naturalizados e se estendem as mais diversas vertentes, inclusive aos falares. Nesse contexto, o ensino de língua - em crise, pois já não garante o exercício satisfatório da leitura e da escrita - pode ser um espaço de enfrentamento ou de reprodução. Desse modo, o artigo em questão trata das problemáticas que circundam o estado de crise no ensino de língua materna e ainda apresenta perspectivas pedagógicas para o respeito à diferença na sala de aula. Para tanto, parte da institucionalização da língua e da negação da cultura de grupos de matrizes africanas antes de discutir práticas pedagógicas que se pautam na percepção de cultura e, ainda, no processo de escrita e oralidade dos sujeitos. A relevância desse recorte se dá numa proposta de resgate cultural e em uma concepção de educação tecida como instrumento de emancipação cultural, social e política de uma dada comunidade escolar. As principais referências utilizadas na pesquisa foram os estudos sociolinguísticos de Bakhtin (1997), o enfoque sobre a aprendizagem em Vygotsky (1987) e a concepção política de cultura em Gramsci (1982).

POLÍTICAS PÚBLICAS E REPRESENTAÇÕES SOBRE POVOS INDÍGENAS NOS LIVROS DIDÁTICOS: COMPARAÇÕES ENTRE BRASIL E CANADÁ

RODRIGUES, Kléber   (UFS)

Neste estudo, discutiremos a questão da diferença entre Brasil e Canadá no que se refere à representação sobre os povos indígenas nos manuais escolares. Pretendemos comparar Brasil e Canadá no que tange a questão das políticas públicas para a valorização da cultura e da história dos índios, tentando perceber também como são as imagens usadas para representar os índios nos livros didáticos dos países citados. Apesar das importantes conquistas nos últimos anos, as políticas públicas brasileiras para o tratamento das questões étnicas têm sido ainda tímidas. Já o Canadá, vem sendo identificado como país multicultural, em que as políticas públicas para a educação conseguiram repercussões concretas no desenvolvimento de uma convivência plural. Desejamos saber se o Canadá, conhecido por sua experiência mais extensa em multiculturalidade, pode contribuir com o Brasil, país que caminha a passos lentos no sentido de acolher sua própria diversidade cultural.



GT 8 - Antropologia visual: um olhar sobre as imagens em movimento.

VIOLÊNCIA PERPETRADA POR PARCEIRO ÍNTIMO: UMA REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA DO FILME “PELOS MEUS OLHOS”.

ANDRADE, Fabiana Santos (UFS)

O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre a violência perpetrada por parceiro íntimo, conhecida também como violência doméstica, através de uma análise antropológica. Para apresentar um certo número de práticas, discursos, representações e imaginários que empregam a violência na modernidade, pretende-se utilizar a análise do filme “Pelos meus olhos”. A escolha do tema se deve ao fato de que a violência perpetrada por parceiro íntimo ocorre em todos os países, independentemente do grupo social, religioso, cultural ou econômico e por ela ser representada em muitos filmes da atualidade. Para este trabalho, serão utilizadas referências que abordam a temática a partir de autores como Mari-France Hirigoyen, Saffioti e Sabadell, sob a perspectiva da antropologia visual de MacDougall e Cabrera incluindo análise do poder e dominação de Arendt e Pierre Bourdieu.
           
CINEMA E REPRESENTAÇÃO: ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE EM O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? E BATISMO DE SANGUE

NORONHA, Danielle Parfentieff de (UFS)

Neste artigo, analiso as representações das juventudes que viveram durante a ditadura civil-militar (19641985) no cinema brasileiro contemporâneo, com base nos filmes O que é isso, companheiro? (Bruno Barreto, 1997) e Batismo de Sangue (Helvécio Ratton, 2006).  O artigo expõe algumas questões trabalhadas na minha dissertação de mestrado, a partir da discussão entre realidade e ficção presentes nas obras cinematográficas, que pode criar, reforçar ou modificar o imaginário sobre quem foram aqueles jovens, e ainda atuar na construção de discursos imaginativos sobre a nação no período ditatorial e, assim, reformular a memória social sobre o período. É possível afirmar que cada filme traz uma visão diferente sobre quem são esses jovens, que de alguma forma buscam atuar numa ideia de tipificação ideal de juventude brasileira, e estão em tensão pela memória do período.

O CINEMA E OS CONTEMPORÂNEOS 'REALITY SHOWS'

REGO, Carla Luedy (UFS)

O presente trabalho pretende discutir a relação entre o Cinema e os registros socioculturais relacionados a questões da realidade contemporânea, com destaque para os filmes de ficção hollywoodianos que abordam gênero televisivo denominado "reality show", fazendo um paralelo entre aquilo que é representado, e as associações possíveis entre estas representações e as reverberações atuais de tal gênero televisivo na sociedade em geral. Entendendo o filme como um registro, seja do seu momento representado ou do sujeito que o idealiza, pretende-se discutir que tipo de leitura é realizada pelo cinema norte-americano sobre os contemporâneos "realities shows", partindo da percepção de que estas são capazes de engendrar uma rede de consumo diversa, que vai desde bens materiais a modelos de condutas e concepções morais.

CORPO FEMININO E RELAÇÕES DE PODER: A QUESTÃO DO ABORTO EM “À MARGEM DO CORPO

VIANA, Priscila de Souza (UFS)

Este artigo é um projeto de dissertação de mestrado em andamento, no qual procuro analisar as tensões e ambiguidades presentes nos discursos de ordem moral, religiosa, médica e jurídica de “defesa da vida” e as relações de poder que permeiam a questão do aborto no documentário etnográfico “À Margem do Corpo”, da antropóloga Débora Diniz. A narrativa, que se passa entre os anos de 1996 e 1998 no interior de Goiás, resgata a trajetória de Deuseli, 19 anos, que engravida após sofrer estupro. Embora amparada legalmente, ela é impedida de realizar o aborto e sua trajetória é reconstruída por pessoas que mantiveram íntimo contato com ela – amigos, profissionais da saúde e da área jurídica e líderes religiosos. Compreendendo o cinema como meio e objeto de estudo antropológico, busco analisar os aspectos semióticos e estéticos da narrativa cinematográfica para compreender os fundamentos ético-políticos que norteiam os discursos e tensões entre laicidade e valores religiosos, os elementos que determinam a condição de pessoa atribuída ao feto e a concepção de corpo feminino sob o ponto de vista dos sujeitos envolvidos nas relações de poder intrínsecas à questão do aborto.

PERFORMANCE DA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE NO FILME PERSONA DE INGMAR BERGMAN.

BARBOZA, Naylini Sobral (UFS)

Nesta pesquisa, realizo a análise do filme Persona (1966) do diretor sueco Ingmar Bergman, para compreender as performances de construção das identidades de suas personagens. Apoiando-me na teoria da Antropologia da Performance, entendo como Bergman elabora as mudanças ocorridas entre suas personagens com o convívio contínuo entre elas, através de suas performances em cena, onde o drama é desenvolvido. O foco desta pesquisa são as performances, eventos narrativos em que as identidades se constroem, possibilitando a transição e a reconfiguração social dos indivíduos. A performance das personagens do filme Persona, seguindo as análises dos ritos e narrativas, caracteriza-se como potencial de transformação do indivíduo pelas crises e conflitos vivenciados e pela reflexividade intensa do processo.

TIRESIA: CINEMA, CORPO, EMOÇÕES E OS SENTIDOS DA DEFICIÊNCIA

CORREIA, Luiz Gustavo Pereira de Souza (UFS)

Nesta comunicação discuto Tiresia, filme do diretor francês Bertrand Bonello, focando as relações de poder em torno do corpo e das emoções. A análise é direcionada às representações sobre a cegueira, a deficiência e o discurso biomédico e as relações entre corpo, deficiência e gênero. Tiresia é uma transexual brasileira que se prostitui na França e que sofre um sequestro. Mantida amarrada, é ferida nos olhos e largada pelo seu sequestrador ao perder as características físicas femininas. Ao ter sua saúde restabelecida, passa a prestar consultas se utilizando da sua vidência recém-conquistada e a ser alvo de preces e procissões. A partir dessa narrativa fílmica, busco analisar a deficiência como uma retórica histórico-social, como conceito relacionado à autoridade e ao poder instituído do discurso biomédico, e como a imagem da alteridade deficiente vincula-se a representações naturalizadas e reproduzidas sócio-culturalmente sobre corpos “abjetos” “disfuncionais” ou “desviantes”.

COMUNIDADE FILÚ  PASSADO, PRESENTE E FUTURO, NUMA PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA

SILVA, Sandreana de Melo (UFS)

Contextualizarei através do filme Filú em Lutar e Viver, o meu campo de pesquisa: a comunidade remanescente quilombola Filú, localizada no município de Santana do Mundaú-Alagoas, que vive da agricultura de subsistência como milho, feijão, mandioca e a banana prata sua principal fonte comercial; outra renda, está relacionada a aposentadoria dos mais velhos e a bolsa escola, recebida por algumas crianças. Meu objetivo de pesquisa tem como base o auto índice de albinismo,  doença genética, existente na comunidade.  Guiando-me pela hipótese de que a principal causa está relacionada ao elevado número de casamento endogâmico,  que  se perpetua há várias décadas no grupo. Sendo o matrimônio parental também  consequência de um longo período  de exclusão social e racial, e não apenas uma escolha interna, mas pela inexistência de interação social entre a comunidade e seus vizinhos;  conforme o discurso dos próprios moradores existia certa rejeição com a comunidade.

O INDÍGENA ENQUANTO SUJEITO DA PRODUÇÃO CINEMATOLÓGICA NO BRASIL

OLIVEIRA, José de, NUNES, Kaliane Nunes, ISIDORO, Renato (OPI SM)

Com base nos Estudos Culturais, apresentamos reflexões comparativas em torno de três eixos acerca da relação entre o indígena e o cinema no Brasil: a) as reflexões introdutórias dos Estudos Culturais; b) os resultados do projeto Cineastas Indígenas; c) nossa experiência junto a jovens da etnia Sateré-Mawé da região do Baixo Rio Amazonas. Abordando esses três eixos é necessário demarcar que o primeiro caso não implica imediatamente um cinema indígena, mas sim uma crítica sobre o cinema tradicional não-indígena sobre o índio, a qual pode fundamentar produções cinematográficas propriamente indígenas; enquanto que os dois outros casos tratam de experiências em torno do cinema indígena produzido por indígenas com o intuito de fazer brotar e motivar críticas dirigida às sociedades Nacional e Globalizada, enquanto extensões do colonialismo europeu e do imperialismo norte-americano no Brasil.




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